Um tema repisado neste blog e que requer bastante subsídio para seu desenvolvimento é o da relação entre as ideias transhumanistas, a religião e, vamos chamar assim, o sentido ou propósito da vida, questão que geralmente vem colocada nos seguintes termos: "Se não há um Deus, como a vida pode ter sentido? Se a morte extingue nossa existência, tornando a vida um absurdo em que não vale a pena qualquer sacrifício de longo prazo, por que viver? Por que não sair por aí simplesmente matando e estuprando? "(esta última, vários religiosos já me fizeram. A resposta curta é: porque (1) você teria que ser insensível ao sofrimento alheio e (2) você iria parar na cadeia e sofreria mais)
Já fiz algumas reflexões iniciais no primeiro post (que recentemente atualizei -- sim, nfelizmente o blogger não salva todas as versões, apenas a última). Ateus (o filósofo Daniel Dennett é um) e agnósticos têm suas respostas, que basicamente podem ser resumidas no seguinte: "é melhor aceitarmos as coisas como elas são e levarmos uma vida boa, sem infernizar uns aos outros, a ter que utilizar as fábulas religiosas, que, além da mentira em si, trazem péssimos efeitos colaterais (hipocrisia, exploração e estímulo da ignorância, fanatismo religioso, terrorismo religioso etc.)".
A maioria dos transhumanistas é composta por pessoas seculares. Mas são, digamos, seculares insaciados, exigentes, que querem arrancar, pela força da ciência, algo a mais da existência humana. O transhumanismo pode ser considerado melhor que o ateísmo na medida em que fornece melhores respostas às grandes questões existênciais humanas -- melhor do que simplesmente apontar o aspecto negativo e fantasioso das religiões e defender a resignação da vida como ela é. O ser humano é um irresignado por natureza.
Alternativamente, o transhumanismo oferece os mesmos produtos da religião aqui na terra, daqui a pouco, baseando-se não na explicação sobrenatural, mas na ciência e tecnologia. Mas o transhumanismo apresenta um ponto fraco em relação ao ateísmo puro: o desejo de relização desses objetivos encantadores, como o canto de uma sereia, pode perigosamente aproximar marinheiros transhumanistas dos rochedos altamente indesejáveis da religião (como a credulidade ingênua, a ausência de espírito cético e crítico e a disposição de seguir cegamente líderes), que podem, no final das contas, fazer soçobrar a nau da razão. Claro que, quem fica em terra firme, como os ateus, nunca correrá esse risco de naufrágio. Morrerão resignados e serão enterrados no chão. Por outro lado, abdicam de toda potencialidade que a ventura marítma poderia lhes proporcionar: a infindável experimentação das especiarias orientais e a aventura no meio do caminho.
Alternativamente, o transhumanismo oferece os mesmos produtos da religião aqui na terra, daqui a pouco, baseando-se não na explicação sobrenatural, mas na ciência e tecnologia. Mas o transhumanismo apresenta um ponto fraco em relação ao ateísmo puro: o desejo de relização desses objetivos encantadores, como o canto de uma sereia, pode perigosamente aproximar marinheiros transhumanistas dos rochedos altamente indesejáveis da religião (como a credulidade ingênua, a ausência de espírito cético e crítico e a disposição de seguir cegamente líderes), que podem, no final das contas, fazer soçobrar a nau da razão. Claro que, quem fica em terra firme, como os ateus, nunca correrá esse risco de naufrágio. Morrerão resignados e serão enterrados no chão. Por outro lado, abdicam de toda potencialidade que a ventura marítma poderia lhes proporcionar: a infindável experimentação das especiarias orientais e a aventura no meio do caminho.
O dilema transhumanista: arriscar-se a satisfazer as necessidades fundamentais da existência humana sem despedaçar a nau da razão nos velhos rochedos religiosos. |
Enfim, é assunto para muita reflexão e aqui vai um subsídio enorme para ela, do filósofo Daniel Dennett, um dos grandes nomes da filosofia mundial, cuja fala consegue escapar da característica comum das falas dos filósofos: ser mortiferamente chata e hermética. A palestra é uma reação à fala de Rick Warren no TED. Trata-se de um pastor evangélico estadunidense que fez tremendo sucesso editorial com o livro "Uma vida de Propósitos", e foi convidado a palestrar no TED. Outro ponto para Dennett: como bom humanista, ele pega leve com Rick Warren, reconhece tratar-se de uma pessoa bem intencionada (justiça seja feita: Warren doou inteiramente a fortuna que fez com seu livro), porém absolutamente equivocada.
Ainda sobre o assunto (religião tradicional), vale a pena citar Freud, em "O Mal Estar na Civilização": "Tudo é tão patentemente infantil, tão estranho à realidade, que, para qualquer pessoa que manifeste uma atitude amistosa em relação à humanidade, é penoso pensar que a grande maioria dos mortais nunca será capaz de superar essa visão da vida."
Para assistir a palestra de Dennet, basta clicar no título abaixo (se acessar o site, há legendas em Pt-br):
A reação de Daniel Dennett a Rick Warren
Ainda sobre o assunto (religião tradicional), vale a pena citar Freud, em "O Mal Estar na Civilização": "Tudo é tão patentemente infantil, tão estranho à realidade, que, para qualquer pessoa que manifeste uma atitude amistosa em relação à humanidade, é penoso pensar que a grande maioria dos mortais nunca será capaz de superar essa visão da vida."
Para assistir a palestra de Dennet, basta clicar no título abaixo (se acessar o site, há legendas em Pt-br):
A reação de Daniel Dennett a Rick Warren
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