segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Epidemia de doenças neurológicas em escala global

O bioquímico Gregory Petsko apresenta o quadro extremamente sombrio do futuro da humanidade (a menos, é claro, que futurólogos como Ray Kurzweil estejam pelo menos parcialmente corretos em suas previsões): sociedades em que uma parcela cada vez maior da população é composta de idosos. Seus habitantes, sofrendo das doenças neurodegenerativas (tais como o Mal de Alzheimer e Parkinson), seriam incapazes de cuidarem de si mesmos e a própria sociedade não suportaria os gastos previdenciários e de saúde necessários a suportar número tão grande de idosos, sobretudo em razão do declínio das taxas de natalidade no mundo inteiro.
A solução? O desenvolvimento, de um lado, da robótica e inteligência artificial, para compensar a perda de braços e cérebros  humanos. E, de outro lado, o avanço das terapias anti-envelhecimento e regenerativas para contornar a senilidade e a demência.
Enfim, embora hoje, no início desta possível revolução biomédica, seja difícil para muitos sustentar o investimento em pesquisas anti-envelhecimento e de rejuvenescimento (até por razões morais e religiosas), no futuro, a sobrevivência da sociedade dependerá destas pesquisas. Do contrário, teríamos uma inversão das regras da evolução: ao invés da sociedade investir seus recursos em crianças e jovens (as próximas gerações), teria que direcionar a maior parte de seus recursos para sustentar idosos, boa parte deles doentes e incapazes, prolongando vidas atormentadas pelo sofrimento e pela extenuação de corpos e mentes.
Assim, o que hoje ainda parece ser um luxo narcisista, em poucas décadas pode se transformar em uma preemente necessidade social.
Vale a pena conferir o vídeo, cuja transcrição reproduzo abaixo:



"A menos que façamos algo para prevenir, nos próximos 40 anos enfrentaremos uma epidemia de doenças neurológicas em escala global. Numa perspectiva animadora. Neste mapa, cada país pintado de azul tem mais de 20% de sua população com idade acima de 65. Este é o mundo em que vivemos. E este é o mundo em que nossos filhos viverão. Por 12.000 anos, a distribuição etária na população humana pareceu como uma pirâmide, com os mais velhos no topo. Ela está achatando. Em 2050, será uma coluna e começará a inverter. Isto é o que está acontecendo. A média de vida mais do que dobrou 1840, e está crescendo atualmente na taixa de aproximadamente cinco horas por dia. E é por esta razão que isto não é inteiramente bom: porque acima dos 65 anos, seu risco de contrarir Alzheimer ou Parkinson aumenta exponencialmente. Em 2050, serão cerca de 32 milhões de pessoas nos EUA com 80 anos, e a menos que façamos algo sobre isto, metade deles terá Alzheirmer e três milhões terão Parkinson. No momento, estas e outras doenças neurológicas -- para as quais não temos cura ou prevenção -- custam em torno de trezentos e trinta bilhões de dólares por ano. Este valor será bem maior do que um trilhão de dólares em 2050. A doença de Alzheimer inicia quando a proteína que deveria ser dobrada apropriadamente, dobra-se em um tipo de origami monstruoso. Então uma abordagem que estamos usando é criar drogas que funcionem como uma fita adesiva molecular, para manter a proteína na forma apropriada. Isto evitaria de formar as degenerações que parecem matar grandes sessões do cérebro quando acontecem. De forma interessante, outras doenças neurológicas que afetam partes bem diferentes do cérebro também mostram degenerações por proteínas mal dobradas, o que sugere que a abordagem tomada pode ser usada de forma geral, e poderá ser o meio de curar muitas doenças neurológicas, não apenas Alzheimer. Há também uma conexão fascinante com o câncer aqui, porque pessoas com doenças neurológicas têm uma incidência muito baixa da maioria dos tipos de câncer. E esta é uma conexão que a maioria das pessoas não estão estudando no momento, mas pela qual estamos fascinados. Os trabalhos mais importantes e mais criativos nesta área são financiados por filantropos privados. E há uma grande necessidade de ajuda privada aqui, porque o governo deixou a bola cair em muitas destas questões, infelizmente. Enquanto isso, enquanto esperamos por todas estas coisas acontecerem, aqui está o que vocês podem fazer por si mesmos. Se você quer diminuir o seu risco de contrair Parkinson, a cafeína protege até um certo ponto, ninguém sabe por quê. Ferimentos na cabeça são ruins para você. Podem levar a ter Parkinson. A febre aviária também não é uma boa idéia. Para se proteger contra Alzheimer, bem, descrobiu-se que óleo de peixe tem o efeito de reduzir o seu risco de contrair Alzheimer. Você também deveria manter sua pressão sangüínea baixa, porque pressão alta crônica é o maior fator de risco individual para Alzheimer. É também o maior fator de risco para glaucoma, que é nada mais do que a Alzheimer do olho. E claro, quando se fala dos efeitos cognitivos, "use ou atrofia" se aplica, então você vai querer manter-se mentalmente estimulado. Mas, ei, você está me ouvindo. Então você tem esta parte garantida. E um item final. Desejem sorte para pessoas como eu, certo? Porque o relógio está rodando para todos nós. Obrigado.



Um comentário:

  1. Ótimo post. Minha vó começa a apresentar sintomas, e pelo que você postou ela realmente tem todos os indícios para desenvolver a doença. Espero que dos meus 17 até os 65, muita coisa avance nesse campo. A minha parte vou fazendo, sempre estimulando a mente.

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