terça-feira, 16 de novembro de 2010

Engenharia do Paraíso

"Se queremos viver no paraíso, teremos nós próprios de o produzir." Não, definitivamente você não vai encontrar 70 virgens no céu. Se realmente quiser , vai ter que convencê-las por aqui mesmo.




 Para quem não conhece bem o movimento transhumanista, vale a pena se inteirar das ideias dos principais pensadores do movimento, como o filósofo David Pearce. Transhumanistas não são nerds que inventaram uma nova religião high-tech para superar o problema da morte (como argumentei no meu primeiro post, pessoalmente vejo o movimento transhumanista como um elo entre aspectos positivos da religião e a ciência). Transhumanistas simplesmente apontam que o rei está nu, chamam as coisas pelo seu nome: a vida é curta demais, a morte é ruim e indesejável e o envelhecimento... ah, este equivale a uma lenta e torturante degradação física e mental dos indivíduos, sendo, portanto, inaceitável
O movimento transhumanista é muito diversificado e, claro, como qualquer movimento também possui seu lado histriônico: se procurar, você vai encontrar dentre os transhumanistas geeks que pensam ter encontrado uma religião high-tech. Essa diversidade, no entanto, parece ser bem vista,  é um sinal de tolerância e da ausência de dogmas entre os transhumanistas, pessoas diversificadas que compartilham a crença de que a tecnologia pode melhorar radicalmente nossas vidas.

Para mim, o melhor aspecto do movimento é sua fundamentação filosófica, derivada do humanismo e dos melhores aspectos da ética utilitarista (transhumanistas tendem a ser ateus ou agnósticos e movidos pela ética da utilidade), sua inconformidade e preocupação em promover o bem-estar e eliminar o sofrimento. É possível ver tudo isso nas idéias de David Pearce:
"Se queremos viver no paraíso, teremos nós próprios de o produzir. Se queremos a vida eterna, então teremos de reescrever o nosso código genético cheio de erros e tornarmo-nos divinos. 'Possa tudo o que vive ser libertado do sofrimento', afirmou Gautama Buda. É um sentimento maravilhoso. Infelizmente, só as soluções de alta tecnologia podem erradicar o sofrimento do mundo vivo. A compaixão por si só não basta." (David Pearce)

Essas ideias ganharam o nome de "engenharia do paraíso".

Ambicioso demais? Talvez. Mas há milhares de pessoas extremamente inteligentes trabalhando nisso exatamente agora. Transhumanistas não só chamam as coisas pelo nome. Eles também arregaçam as mangas.
  
Vale a pena ler e divulgar a entrevista completa de David Pearce e Nick Bostrom:

3 comentários:

  1. vou ler,
    o movimento transumanista agora parece-me muito maior e difundido,

    ResponderExcluir
  2. Pode explicar melhor esta sua percepção da divulgação do transhumanismo, Píi? Por que pensa que ele agora parece maior e mais difundido?
    Não me parece que ele seja muito difundido, mas o potencial para isso é grande, em razão das redes sociais.
    Obrigado pela participação!

    ResponderExcluir
  3. Acho que difundido não foi bem a palavra. claro que não falo a nivel de massas, mas no meio científico e no seu próprio meio é bem denso. Eh mais ou menos isso. E bem os livros de história sempre enganam fazendo episódios aparte parecerem tão impactantes para a época, mas a maior parte dos movimentos demorou muito para se consolidar. hoje pelo menos com a comunicação, além de ser global, não fica naquela de ação individual.

    ResponderExcluir